Marcelo Adnet
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Redação do Site
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Uma conversa franca com um dos humoristas mais engraçados da nova geração sobre feiura, assédio, o dia em que fez piada de policial para traficantes armados, Casa dos Autistas e sua mulher, Dani Calabresa, pelada em PLAYBOY
Na MTV e no palco, o humorista Marcelo Adnet é um sujeito engraçadíssimo. Suas imitações do apresentador Silvio Santos e do cineasta Arnaldo Jabor, para citar apenas dois exemplos, são impagáveis. Adnet também é um ótimo criador de tipos – quando interpreta uma aeromoça ou um narrador esportivo no teatro, sempre leva a plateia às gargalhadas. Na vida privada, no entanto, ele não é exatamente uma pessoa hilária, reforçando a batida tese de que, em trajes civis, comediantes são criaturas realmente sem graça. Não quer dizer que a estrela da MTV seja um porre, mas está longe de ser um palhaço. Marcelo Adnet é simplesmente um cara que se leva muito a sério.
Marcelo França Adnet nasceu no bairro do Humaitá, no Rio de Janeiro, há 30 anos. Cresceu numa casa de músicos – além de seu pai, Francisco Adnet, também atuavam no ramo seus três tios. Só pra contrariar, queria seguir caminho totalmente oposto ao da família. “Eu pensava: ‘Vou ser engenheiro!’”, conta. Na infância, apreciava participar das conversas com os adultos e compartilhar seus gostos. Aos 7 anos, ouvia Tom Jobim – numa viagem com a família para Nova York, pediu às tias que o apresentassem ao ídolo, na época ilustre morador de um apartamento com vista para o Central Park. “A mesa do Tom Jobim era uma zona. Mas encontrei um tradutor eletrônico no meio da bagunça e fiquei brincando com ele”, lembra.
Na adolescência, Marcelo Adnet continuava interessado por tradutores. Aos 14 anos, decidiu aprender russo – e, segundo conta, até hoje consegue ler e escrever no idioma de Dostoiévski. Na escola em que estudava, no bairro carioca do Leblon, era o típico CDF. Tirava as melhores notas em matemática, ao mesmo tempo em que se interessava por história e geografia – pelo menos é essa a lembrança que ele tem de sua vida escolar. “Eu sempre fui um aficionado de cultura geral”, informa.
Marcelo Adnet levava a vida de típico garotinho da Zona Sul carioca até o dia em que conheceu a turma do Teatro Tablado, apresentado pelo humorista Fernando Caruso, então namorado de uma prima sua. Nessa época, Adnet começou a perceber que não havia como negar a vocação artística que herdara da família. Abandonou a ideia de se tornar um profissional de exatas e, no vestibular, escolheu jornalismo. Na faculdade, foi convidado para atuar na peça Z.E., Zenas Emprovisadas, junto com Caruso. “Quando subi ao palco, percebi que aquilo era a coisa certa a ser feita”, conta.
Foi um sucesso. Com o espetáculo, Marcelo tornou-se conhecido no Rio de Janeiro e logo foi contratado para atuar em comerciais, programas de televisão (fez pontas na Rede Globo) e no cinema. Durante a campanha de divulgação do filme Podecrer!, em 2007, deu uma entrevista no programa Rock Gol, da MTV, e ali mesmo recebeu o convite para trabalhar na emissora. A estreia, em 2008, com o 15 Minutos, alçou Adnet ao posto de estrela do humor nacional. “Dois dias após o programa começar, eu já era reconhecido nas ruas”, lembra. Depois disso, ganhou duas novas atrações: o Comédia MTV e o Adnet ao Vivo – ambos atualmente no ar.
Em janeiro, Adnet também está nos cinemas. Em As Aventuras de Agamenon, o Repórter [veja matéria na página 106], ele interpreta o personagem-título quando jovem. O convite foi feito pelos colegas do Casseta & Planeta, que mais de uma vez tentaram levá-lo para a Rede Globo. Até agora Adnet tem recusado todos os convites, com a justificativa de que só sai da MTV para uma emissora que lhe dê igual espaço.
Para entrevistar Marcelo Adnet, a editora Adriana Negreiros viajou ao Rio de Janeiro, cidade onde o humorista tem passado boa parte de seus dias para divulgar As Aventuras de Agamenon – oficialmente, ele mora em São Paulo com a mulher e colega de MTV Dani Calabresa. Na tarde da entrevista, os termômetros marcavam 34 graus e Adnet pediu que a conversa, programada para acontecer no terraço de um prédio com vista para o Jardim Botânico, fosse feita numa sala fechada, com o ar-condicionado no talo.
Com alguma frequência, você é apontado pelos colegas como o humorista mais talentoso de sua geração. De tanto ouvir isso, você já está se achando “o cara”? Eu acredito um pouco nas pessoas. Acho que o que elas dizem tem valor. Então, se um monte de gente diz isso, eu acredito um pouco. Mas também penso que as pessoas que não gostam do meu trabalho não vão me parar na rua, pegar no meu braço e dizer [faz uma expressão angelical]: “Poxa, cara, eu detesto o que você faz! Nooossa, você me irrita taaanto!” Não existe isso. E tenho certeza de que ainda não cheguei a um lugar, há muitas coisas a ser feitas. Portanto, o sucesso não me subiu à cabeça. E também não é do meu feitio ficar me achando muito.
Mas é compreensível que, ao atingir tão rapidamente o nível de popularidade que você atingiu, artistas fiquem deslumbrados e preocupados com a imagem. Isso não aconteceu com você? Eu nunca fui um cara lindo. As pessoas não dizem: “O Marcelo é um cara bonito”. Algumas malucas devem achar, mas, geralmente, eu sou o “cara legal”. E quando subi ao palco pela primeira vez foi para fazer improviso e humor, que são dois estilos que lidam com a imperfeição. Não existem humoristas lindos. Se você parar para pensar, os humoristas são, na sua maioria, feios, e algumas vezes a feiura ajuda o humorista a ter uma cara mais gaiata e bizarra. Nunca fui um cara preocupadíssimo em saber qual era o meu melhor ângulo.
Na MTV e no palco, o humorista Marcelo Adnet é um sujeito engraçadíssimo. Suas imitações do apresentador Silvio Santos e do cineasta Arnaldo Jabor, para citar apenas dois exemplos, são impagáveis. Adnet também é um ótimo criador de tipos – quando interpreta uma aeromoça ou um narrador esportivo no teatro, sempre leva a plateia às gargalhadas. Na vida privada, no entanto, ele não é exatamente uma pessoa hilária, reforçando a batida tese de que, em trajes civis, comediantes são criaturas realmente sem graça. Não quer dizer que a estrela da MTV seja um porre, mas está longe de ser um palhaço. Marcelo Adnet é simplesmente um cara que se leva muito a sério.
Marcelo França Adnet nasceu no bairro do Humaitá, no Rio de Janeiro, há 30 anos. Cresceu numa casa de músicos – além de seu pai, Francisco Adnet, também atuavam no ramo seus três tios. Só pra contrariar, queria seguir caminho totalmente oposto ao da família. “Eu pensava: ‘Vou ser engenheiro!’”, conta. Na infância, apreciava participar das conversas com os adultos e compartilhar seus gostos. Aos 7 anos, ouvia Tom Jobim – numa viagem com a família para Nova York, pediu às tias que o apresentassem ao ídolo, na época ilustre morador de um apartamento com vista para o Central Park. “A mesa do Tom Jobim era uma zona. Mas encontrei um tradutor eletrônico no meio da bagunça e fiquei brincando com ele”, lembra.
Na adolescência, Marcelo Adnet continuava interessado por tradutores. Aos 14 anos, decidiu aprender russo – e, segundo conta, até hoje consegue ler e escrever no idioma de Dostoiévski. Na escola em que estudava, no bairro carioca do Leblon, era o típico CDF. Tirava as melhores notas em matemática, ao mesmo tempo em que se interessava por história e geografia – pelo menos é essa a lembrança que ele tem de sua vida escolar. “Eu sempre fui um aficionado de cultura geral”, informa.
Marcelo Adnet levava a vida de típico garotinho da Zona Sul carioca até o dia em que conheceu a turma do Teatro Tablado, apresentado pelo humorista Fernando Caruso, então namorado de uma prima sua. Nessa época, Adnet começou a perceber que não havia como negar a vocação artística que herdara da família. Abandonou a ideia de se tornar um profissional de exatas e, no vestibular, escolheu jornalismo. Na faculdade, foi convidado para atuar na peça Z.E., Zenas Emprovisadas, junto com Caruso. “Quando subi ao palco, percebi que aquilo era a coisa certa a ser feita”, conta.
Foi um sucesso. Com o espetáculo, Marcelo tornou-se conhecido no Rio de Janeiro e logo foi contratado para atuar em comerciais, programas de televisão (fez pontas na Rede Globo) e no cinema. Durante a campanha de divulgação do filme Podecrer!, em 2007, deu uma entrevista no programa Rock Gol, da MTV, e ali mesmo recebeu o convite para trabalhar na emissora. A estreia, em 2008, com o 15 Minutos, alçou Adnet ao posto de estrela do humor nacional. “Dois dias após o programa começar, eu já era reconhecido nas ruas”, lembra. Depois disso, ganhou duas novas atrações: o Comédia MTV e o Adnet ao Vivo – ambos atualmente no ar.
Em janeiro, Adnet também está nos cinemas. Em As Aventuras de Agamenon, o Repórter [veja matéria na página 106], ele interpreta o personagem-título quando jovem. O convite foi feito pelos colegas do Casseta & Planeta, que mais de uma vez tentaram levá-lo para a Rede Globo. Até agora Adnet tem recusado todos os convites, com a justificativa de que só sai da MTV para uma emissora que lhe dê igual espaço.
Para entrevistar Marcelo Adnet, a editora Adriana Negreiros viajou ao Rio de Janeiro, cidade onde o humorista tem passado boa parte de seus dias para divulgar As Aventuras de Agamenon – oficialmente, ele mora em São Paulo com a mulher e colega de MTV Dani Calabresa. Na tarde da entrevista, os termômetros marcavam 34 graus e Adnet pediu que a conversa, programada para acontecer no terraço de um prédio com vista para o Jardim Botânico, fosse feita numa sala fechada, com o ar-condicionado no talo.
Com alguma frequência, você é apontado pelos colegas como o humorista mais talentoso de sua geração. De tanto ouvir isso, você já está se achando “o cara”? Eu acredito um pouco nas pessoas. Acho que o que elas dizem tem valor. Então, se um monte de gente diz isso, eu acredito um pouco. Mas também penso que as pessoas que não gostam do meu trabalho não vão me parar na rua, pegar no meu braço e dizer [faz uma expressão angelical]: “Poxa, cara, eu detesto o que você faz! Nooossa, você me irrita taaanto!” Não existe isso. E tenho certeza de que ainda não cheguei a um lugar, há muitas coisas a ser feitas. Portanto, o sucesso não me subiu à cabeça. E também não é do meu feitio ficar me achando muito.
Mas é compreensível que, ao atingir tão rapidamente o nível de popularidade que você atingiu, artistas fiquem deslumbrados e preocupados com a imagem. Isso não aconteceu com você? Eu nunca fui um cara lindo. As pessoas não dizem: “O Marcelo é um cara bonito”. Algumas malucas devem achar, mas, geralmente, eu sou o “cara legal”. E quando subi ao palco pela primeira vez foi para fazer improviso e humor, que são dois estilos que lidam com a imperfeição. Não existem humoristas lindos. Se você parar para pensar, os humoristas são, na sua maioria, feios, e algumas vezes a feiura ajuda o humorista a ter uma cara mais gaiata e bizarra. Nunca fui um cara preocupadíssimo em saber qual era o meu melhor ângulo.
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